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08/Fev/2014 - Baraúna, uma cidade marcada pela insegurança

Por Sayonara Amorim: Dois policiais militares, nenhuma viatura para atender ao serviço do Destacamento da PM, quatro agentes civis, um escrivão e uma delegada para atender a uma cidade com quase 30 mil habitantes. Esse é o retrato atual do município de Baraúna, uma cidade localizada em ponto considerado estratégico e favorável a fugas para vários outros Estados como Ceará, Paraíba e Pernambuco

A insegurança e o medo fazem parte da rotina dos moradores que reclamam da falta de estrutura da polícia e do alto índice de violência que inclui assaltos, furtos e homicídios. No comércio local, o ‘diagnóstico’ é unânime, falta de policiamento. “A gente trabalha com os nervos à flor da pele, o tempo todo com medo de assalto. Sempre que entra alguém de capacete já achamos que é u assaltante”. O relato é da gerente de um supermercado que será identificada apenas por Aline.

Segundo funcionária, o estabelecimento em que trabalha já foi assaltado três vezes. De acordo com o relato da vítima, não existe sistema de policiamento e a cidade não dispõe de viatura fazendo rondas. A informação da gerente foi confirmada por um policial militar que estava de serviço na sede do destacamento de Baraúna.

ASSALTOS

As agências bancárias do município são os principais alvos de bandos fortemente armados. Um dos casos mais marcantes da falta estrutura policial na cidade aconteceu na madrugada do dia 12 de maio de 2012, quando um bando fortemente armado fuzilou a fachada da sede da PM local, explodiu a agência do Banco do Brasil e levou grande quantidade de dinheiro do cofre e terminais da agência. A falta de policiamento foi apontada como um dos pontos favoráveis à ação da quadrilha e quase dois anos depois, a situação continua a mesma.

O mais recente caso de assalto a banco em Baraúna foi registrado na segunda-feira, 14, quando um grupo armado rendeu funcionários da agência Bradesco, obrigou uma das vítimas a abrir o cofre, fez um ‘rapa’ no banco e fugiu em seguida com destino ao Estado do Ceará. No dia do assalto, apenas dois PMs estavam de serviço na cidade e a Delegacia de Polícia Civil estava sem serviço porque a equipe estava atuando no município de Governador Dix-sept Rosado, há quase 100 quilômetros de distância de Baraúna.

A delegada titular de Baraúna que também responde pela delegacia de Governador Dix-sept Rosado, Marina de Lima Tofolli, detalha as dificuldades que a polícia enfrenta para atuar no município. Segundo ela, o prédio onde funciona a delegacia foi cedido pela prefeitura que também fornece todo o material de expediente e até combustível para a viatura da Polícia Civil, único carro de polícia na cidade.

A delegada reforça que Baraúna é uma cidade muito violenta e sem estrutura policial para combater a criminalidade. “A violência aqui na cidade é uma realidade e a polícia não tem estrutura para combater os altos índices de homicídios e assaltos. O município não tem policiamento ostensivo e também não dispõe de viatura para fazer rondas”, confirmou.

Marina Tofolli acrescentou ainda que somente no ano de 2013 foram registrados 32 assassinatos na cidade. Revelou que a violência no município está diretamente ligada ao tráfico de drogas e a estrutura da Polícia Civil para fazer o trabalho de investigação e repressão é insuficiente. “Para realizarmos um trabalho mais eficiente seria necessário que o trabalho fosse concentrado apenas aqui na cidade e a equipe precisaria ser ampliada para seis agentes e dois escrivães, pelo menos”, explicou. A delegada e sua equipe, composta atualmente por um escrivão e quatro agentes, se divide para cumprir expedientes em Baraúna e Governador Dix-sept Rosado.